sábado, 10 de maio de 2008

Cidade Proibida

Há uns tempos li o "Cidade Proibida" do Eduardo Pitta. Bem, não gostei. Tinha almoçado bem, não me apetecia trabalhar mais, fui a uma livraria, peguei no livro do senhor, sentei-me e li-o. O livro é coisa ligeira que se lê como quem vê a novela das cinco, a pensar na vida, a ver os gajos que vão passando... Mas aquilo parece-me uma descrição de um certo meio (a tal cidade proibida...) feita por alguém de fora, completamente deslumbrado e, as mais das vezes, patético. É como se estivesse a contar o que se passou num jantar para o qual não foi convidado, vendo-o através de um vidro translúcido. Não vê a sala toda, não houve o que é dito, e o pouco que vê não corresponde efectivamente à realidade. De modo que em vez de um retratro mais ou menos fidedigno resulta uma caricatura muitíssimo mal amanhada e absurdamente ressabiada. É pena.
Mas o que mais me choca em tudo aquilo são as cenas de sexo, o Eduardo Pitta quer vender, de modo que escreve pornografia. Faça bom proveito, venda aos montes... Eu não comprei o livro, que li até ao fim, só para ter a certeza que não mais lerei nada dele.
Além do mais, num livro que tem pouco mais de cem páginas o homem ainda arranja tempo para se perder em narrativas secundárias que em nada comtribuem para a acção. Confesso, não percebi qualquer ideia condutora: aquilo mais me parece um conjunto quase disconexo de apontamentos.
Um conselho, leiam primeiro, comprem depois (se gostarem).

1 comentário:

Filipe Gouveia de Freitas disse...

Também li "A Cidade Proibida" numa situação muito semelhante num banco da Fnac Chiado (não no cadeirão da Bertrand). Partilho, grosso modo, da tua opinião. Aliás, gostas da ideia que dás daquela que vê um jantar de fora e se deixa deslumbrar mais pelas luzes, pelos fatos e pelos faustos que pela acção, da qual, na verdade, pouco percebe. Sim, é uma boa metáfora para se perceber o que se passa na composição de "Cidade Proibida". Gostei! Volto mais vezes!